quinta-feira, 17 de março de 2011



Planeta

Planeta, chora saudades, dos verdes resplandecentes...
Morada da fauna encantada, melodia inacabada.
Pintura perfeita da flora a oxigenar.
Águas límpidas, pulsando vida.

Planeta chora saudades, das brincadeiras de roda,
Pega-pega, esconde-esconde... Oh infância verdadeira.
Juventude, quanta asneira, recheada de besteiras,
Sem maldade, só brincadeiras, de romances pra vida inteira.

Planeta chora saudades, da solidariedade,
Que reinava na amizade, sem a menor vaidade.
Esbanjando lealdade.

Planeta chora saudades, dos lares alicerçados;
Em respeito, fidelidade, pais e filhos entrelaçados.
No amor amparados.


Planeta vive magoado, do passado separado,
No presente ignorado, faz barulho sem ser notado.


Chora Planeta, os verdes estuprados,... Flora abortada,
Planeta chora a fauna a mendigar... Sua morada, desmoronar...
Planeta chora, suas águas a sufocar e a morte a abraçar.
Planeta chora, sem cessar.

Planeta chora, brincadeira de trabalhar...
Faróis... Esquinas... Lavouras... Corte de cana...
Sem cama pra descansar.
Cheira cola, pra suportar.

Planeta chora, o pó a se alastrar, juventude a delirar,
Nas balada a vomitar todo sonho se acabar.
Romances se afastar... afetos deteriorar
Prazer da carne para amar.


Chora Planeta a distração do amigo na solidão
Amparado na traição,
Impiedoso, esconde a mão, ausente de compaixão.
Orgulhoso da sua ação.

Chora Planeta, os filhos que se rebelam,
Desconsiderando quem os considera
Chora Planeta, os pais omissos, que renegaram sua missão,
Ensinando a desunião.

Chora Planeta, grita, esbraveja...
Assopre o fôlego que lhe resta, levanta a poeira,
Expurga as larvas que te queimam,
Pula, movimente-se, quem sabe assim, ouviram teu pranto!

Laddy_ro

06/11/2007

sexta-feira, 4 de março de 2011



Tudo Passa


I
Aquela moça graciosa e bela
Que passa sempre de vestido escuro
E traz nos lábios um sorriso puro,
Triste e formoso como os olhos dela...

Diz que su’alma tímida e singela
Já não tem coração: que o mundo impuro
Para sempre o matou... e o seu futuro
Foi-se n’um sonho, desmaiada estrela.

Ela não sabe que o desgosto passa
Nem que do orvalho a abençoada graça
Faz reviver a planta que emurchece.

Flávia! nas almas juvenis, formosas,
Berço sagrado de jasmins e rosas,
O coração não morre: ele adormece...

II
O coração não morre: ele adormece...
E antes morresse o coração traído,
Mulher que choras teu amor perdido,
Amor primeiro que não mais se esquece!

Quando tu vais rezar, quando anoitece,
Beijas as contas do colar partido;
E o coração n’um trêmulo gemido
Vem perturbar a paz de tua prece.

Reza baixinho, ó noiva desolada!
E quando, à tarde, pela mesma estrada
Chorando fores esse imenso amor...

Geme de manso, juriti dolente!
Vais acordar o coração doente...
Não o despertes para nova dor.

Auta de Souza